Cabotagem: conheça sua importância e os benefícios para a logística
Com cerca de 8 mil quilômetros de costa marítima, rios e lagos navegáveis, portos instalados de Norte a Sul, zonas urbanas e regiões produtoras próximas à faixa litorânea, o setor logístico brasileiro ainda não explora de forma eficiente a cabotagem.
Enquanto na China esse modal responde por aproximadamente 30% da movimentação de cargas e na União Europeia a quase 40%, aponta a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), no Brasil o escoamento de mercadorias por esse modal gira em torno de 10% (grande parte dedicada à movimentação de petróleo e derivados).
Em comparação ao transporte rodoviário de cargas, que chega a quase 70% da movimentação total, o país ainda busca o equilíbrio para reduzir os gargalos no setor logístico.
A boa notícia é que a cabotagem vem crescendo e o governo federal promete intensificar medidas para estimular a cabotagem.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a alta na movimentação de cargas entre portos foi de 5% em 2021 – em relação a 2020, totalizando mais de 207 milhões de toneladas transportadas pela navegação de cabotagem.
O que é cabotagem?
A cabotagem é um tipo de transporte aquaviário feito entre portos nacionais ou de países vizinhos, sem que se perca a costa de vista.
Não precisa ser necessariamente por via marítima, já que inclui a navegação por rios e lagos. Um exemplo no Brasil são as operações no Porto de Manaus, que fica no rio Amazonas.
Na cabotagem, os produtos são acondicionados em contêineres e as viagens respeitam escalas regulares e dias fixos, diferentemente do sistema rodoviário.
Esse modal é considerado uma alternativa sustentável para o transporte de cargas, favorecendo inclusive as exportações, como é o caso das relações comerciais entre o Brasil e países vizinhos conectados pelo oceano.
O incremento na competitividade logística é um dos pontos fortes da cabotagem, já que grandes cargas de insumos e matéria-prima para a indústria, por exemplo, têm ganhos de custo importantes nesse processo de transporte.
Quais são as vantagens da cabotagem?
O fomento à cabotagem está baseado no potencial deste tipo de transporte, que pode ser integrado a outros modais para completar a operação. A grande capacidade de movimentação de cargas por contêineres é, sem dúvidas, uma das vantagens, mas não a única. A lista de benefícios inclui:
- Mais segurança nas operações, que não sofrem com a ação das quadrilhas especializadas em roubo de cargas;
- Redução dos riscos de dano ambiental;
- Redução de problemas com engarrafamentos, bloqueios, falhas mecânicas, atrasos na entrega e falta de infraestrutura nas rodovias;
- Ganhos em escala e nos custos por tonelada-quilômetro transportada;
- Menor risco de avarias à carga;
- Vantagens econômicas e redução de até 30% em relação ao modal rodoviário;
- Diminuição dos custos com a contratação de seguros;
- Economia de combustível por tonelada transportada;
- Contribuição para a preservação ambiental, reduzindo a emissão de gases poluentes e controlando os níveis de poluição atmosférica. O setor de transporte é um dos grandes responsáveis pela emissão de CO2 no planeta.
- Mais qualidade na entrega dos produtos, pois reduz a chance de danos e avarias durante o percurso;
- Remessas de maior volume enviadas de uma só vez, o que facilita o recebimento e a organização nos envios e recebimentos.
Qual o volume para um frete via cabotagem?
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) mostra que os navios costumam operar no Brasil com 2,5 mil a 4,8 mil contêineres, reduzindo consideravelmente o número de caminhões nas rodovias em viagens de longa distância.
Para uso exclusivo de um contêiner de 20 pés, há possibilidade de acomodar lotes com peso de até 28 toneladas e/ou metragem cúbica de até 27m3.
A capacidade de carga está diretamente relacionada às dimensões da embarcação, considerando o comprimento, largura e calado.
E no Brasil?
No Brasil, há empresas que oferecem a cabotagem porta a porta, com operações envolvendo diferentes portos. Neste caso, os carregamentos são feitos junto ao embarcador e entregues no cliente final.
Se você deseja aperfeiçoar sua gestão logística, vale a pena comparar os custos do modal rodoviário de longa distância com o intermodal, considerando a cabotagem.
Perspectivas da cabotagem no Brasil
A Antaq prevê um crescimento de 2,4% no volume de cargas movimentadas pelo setor portuário em 2022 na comparação com 2021.
A estimativa é que o Brasil chegue a 1,239 bilhão de toneladas até o fim deste ano. Até 2026, a projeção é de 1,402 bilhão de toneladas.
O aumento da frota marítima é outro aspecto a ser levado em conta. A previsão do Ministério da Infraestrutura é de que o crescimento seja de 40% em três anos, com mais destaque para a cabotagem graças ao projeto BR do Mar.
Em janeiro de 2022 entrou em vigor o Novo Marco Regulatório da Cabotagem, previsto na Lei 14.301, que institui o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem no Brasil.
O objetivo é alavancar o setor de navegação no país. Entre os aspectos do programa estão um regime tributário especial; modernização portuária e iniciativas de incentivo à indústria naval brasileira.
Potencial da cabotagem brasileira
A navegação de cabotagem representa uma grande oportunidade para que o Brasil torne seu sistema de transportes mais eficiente, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.
Por seu grande potencial operacional, ela pode ser vista como uma relevante oportunidade para reduzir os principais gargalos de movimentação de mercadorias existentes no país.
Os custos crescentes no transporte rodoviário de cargas para longas distâncias e os desafios como o preço dos combustíveis, risco de roubos e acidentes nas estradas e a necessidade de se enquadrar no conceito ESG, que leva em consideração a responsabilidade socioambiental das empresas, podem impulsionar a integração com a cabotagem.
Ainda assim, o crescimento deste modal esbarra na necessidade de um planejamento logístico eficiente, que leve em consideração a coleta e movimentação de contêineres vazios; carregamento e descarregamento dos caminhões no porto; acondicionamento das mercadorias em contêineres e planos de gestão de risco focados no transporte intermodal.
A cabotagem pode otimizar seus processos logísticos?
Ainda que o transporte rodoviário seja dominante no Brasil, a cabotagem vem se fortalecendo e, sim, pode otimizar os processos logísticos.
O primeiro passo é a ampliação de linhas regulares e a melhoria da infraestrutura na interface dos modais rodoviários e marítimo.
Aliar eficiência com custo-benefício é um desafio nos processos logísticos e a cabotagem representa, de fato, uma alternativa.
A necessidade constante de redução dos gastos leva à busca por alternativas que podem incluir o transporte intermodal, já que a cabotagem tem potencial para reduzir em um terço os custos logísticos em comparação com as viagens rodoviárias.
Isso porque o transporte aquaviário oferece ganhos de escala que agilizam o processo.
Os seguros também costumam ser reduzidos e, no caso de cargas pesadas e com grandes dimensões, o transporte por rodovias requer logística e licenças especiais, já que muitas vezes as operações vultuosas atrapalham o fluxo de trânsito nas rodovias – o que não ocorre no caso da cabotagem.
A grande sacada para otimizar os processos logísticos com a cabotagem está na sincronia entre o modal rodoviário e o aquaviário e na contratação de empresas especialistas em gestão logística e gerenciamento de riscos para operações complexas e intermodais.
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